Campanha orienta condôminos sobre golpes cometidos por síndicos externos

Golpes financeiros, desvio de fundos, má administração e aumentos indevidos nas taxas condominiais. Esses são alguns dos golpes que vêm preocupando moradores e administradoras de condomínios. Em 2024, vários casos foram registrados no Brasil e, em Belo Horizonte, uma única fraude representou o desvio de R$ 700 mil para as contas da ex-síndica de um condomínio no bairro Ouro Preto, na região da Pampulha.

Essas ocorrências acenderam um alerta no mercado imobiliário. A partir dessa constatação, a CMI/Secovi-MG (Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação de Minas Gerais) e a cooperativa de crédito Sicoob Imob estão desenvolvendo uma campanha de conscientização coletiva de moradores, síndicos e conselheiros sobre a importância da responsabilidade compartilhada na gestão condominial. A ação inclui também um evento que reunirá, em maio, especialistas para debater estratégias eficazes de prevenção e segurança no ambiente condominial.

Segundo a gerente da área de condomínios do Sicoob Imob, Mayara Ramos, para conquistar a segurança e a transparência financeira, é essencial que os condomínios fortaleçam os mecanismos de controle e prevenção. Segundo ela, é fundamental que o condomínio mantenha uma fiscalização ativa. “O banco não pode negar acesso do síndico às contas e o conselho precisa estar atento ao dia a dia da gestão financeira.” Mayara reforça que o papel de um conselho eleito é, especialmente, fundamental, pois tem a responsabilidade de atuar como um elo entre os moradores e a administração.

Quanto à contratação de “síndicos profissionais ou externos”, muitas vezes, os critérios de preço podem ser decisivos para os condomínios. Contudo, Mayara alerta que a opção mais barata pode abrir margem para a contratação de pessoas que não são idôneas ou qualificadas para a função. “É indispensável verificar o histórico, referências e credibilidade do candidato antes da eleição, especialmente se este possui as qualificações necessárias para lidar com as complexidades da gestão condominial”, explica. 

Outro ponto que pode auxiliar com a segurança é a contratação de uma administradora para acompanhar as finanças do condomínio. A gerente do Sicoob Imob explica que as administradoras atuam com transparência e segurança ao consolidar relatórios financeiros periódicos, que devem ser apresentados ao conselho e à assembleia de moradores. “A administradora oferece suporte técnico e financeiro, reduzindo a possibilidade de irregularidades e garantindo que as contas sejam sempre verificadas por um órgão externo à administração interna”, afirma.

Sobre a relação entre a administradora, o conselho fiscal e o síndico, Mayara defende que essas figuras sejam completamente independentes para evitar conflitos de interesse. Ela também destaca a necessidade de o conselho fiscal ser eleito na mesma assembleia que escolhe o síndico, “dando a esse conselho atribuição de formalizar um contrato de prestação de serviços com o síndico, contendo cláusulas que permitam o distrato em caso de má gestão”. “Nesse caso, caberia à assembleia de condôminos homologar a destituição e escolher  um novo síndico.”

De acordo com Mayara, a transparência é a chave para prevenir golpes. “O síndico deve prestar contas regularmente e o conselho precisa estar vigilante. A utilização de ferramentas digitais oferecidas pela administradora, como aplicativos de gestão condominial, pode facilitar esse acompanhamento. Quando todos os moradores têm acesso aos relatórios financeiros de forma clara e regular, os riscos diminuem consideravelmente.”

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