Plataforma facilita uso de drones no agronegócio
Pesquisa da PwC mostra que o setor deve aumentar o uso dos equipamentos em 69% nos próximos anos; empresa desenvolve tecnologia para solucionar problemas relacionados a decolagem e pouso
É crescente o uso corporativo de drones em diferentes setores, que têm visto as Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAs, sigla em inglês) como aliadas tecnológicas e estratégicas para o desenvolvimento de suas atividades. Um levantamento da consultoria PwC mostra que, globalmente, o mercado já atingiu a marca de US$ 127 milhões por ano e deve seguir em ascensão. Um exemplo é o setor do agronegócio que, de acordo com o estudo, deve ampliar o uso do equipamento em até 69% nos próximos anos.
Porém, há muitos desafios que ainda dificultam a expansão do uso dessa tecnologia no setor. A poeira, os obstáculos, as interferências eletromagnéticas e até mesmo inclinação, irregularidades, depressões e saliências dos terrenos interferem drasticamente na decolagem e pouso dos drones, causando prejuízos. Para solucionar esse problema, a Terra Jump, empresa mineira especializada em mapeamento aéreo, desenvolveu uma tecnologia pioneira que pretende revolucionar o setor.
A Terra Landing é uma plataforma robótica de pouso e decolagem portátil e dobrável, de fácil manuseio e transporte, com autonivelamento inercial que disponibiliza uma superfície plana independente do perfil e inclinação do terreno. O equipamento será apresentado ao mercado na DroneShow 2022, que será realizada de 17 a 19 de maio, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo (SP), pela MundoGEO, considerada uma das maiores feiras do mundo no segmento.
“Criamos uma superfície plana que elimina completamente os obstáculos, garantindo segurança e eficiência na decolagem e pouso de drones. Esses são problemas que parecem simples, mas que se colocados no papel representam um gasto adicional em manutenção, ou até a perda total do equipamento. Para esse tipo de trabalho são utilizados drones, cujo preço mínimo é de R$ 15 mil, podendo ultrapassar os R$ 100 mil”, explica o inventor da Terra Landing e especialista em gestão de Tecnologia da Informação, Anísio Júnior, sócio fundador da Terra Jump.
No agronegócio, trabalhando em conjunto com sensores, softwares e GPS, os drones oferecem ao produtor informações que, antes, seriam difíceis ― algumas até impossíveis ― de obter. “Um bom exemplo é o acompanhamento da lavoura, contagem de plantas e a detecção de doenças em parte do terreno. A mobilidade desses equipamentos também permite o monitoramento de áreas remotas, onde o acesso é dificultado pela própria vegetação, por isso, a Terra Landing será uma grande aliada”, enfatiza- Anísio.
Além disso, a grande maioria dos voos solicitados às autoridades, representam um tipo denominado VLOS (sigla de Visual Line-Of-Sight), ou seja, o piloto da RPA mantém a aeronave em seu campo visual durante toda a operação. Isso diminui o raio de ação no planejamento de voo. A utilização da Terra Landing, permite que a decolagem e pouso sejam feitos em um ponto definido previamente, mesmo em terrenos com imperfeições ou outras interferências.
“Uma grande dificuldade enfrentada também pelas empresas que operam estes equipamentos, diz respeito à autonomia de voo. Os drones multirotores, de decolagem e pouso verticais, na grande maioria, são equipamentos movidos à energia elétrica, oriunda das baterias. Para otimização dos planos de voo, o deslocamento no terreno, em busca de solo seguro para decolagem e pouso, pode afetar custo e eficiência da operação, exigindo trocas mais frequentes das baterias da aeronave”, explica.
Um outro fator importante para tornar ainda mais segura a operação de pouso na Terra Landing, é que a plataforma pode ser utilizada com a tecnologia “Precision Landing”, disponível no software de voo da DJI, a maior fabricante de drones e detentora de 74% do mercado mundial.
Para desenvolver a plataforma, Anísio se dedicou por mais de dois anos, a estudos e testes. O registro da patente da Terra Landing foi depositado na Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO, sigla em inglês), entidade internacional de Direito Internacional Público com sede em Genebra, integrante do Sistema das Nações Unidas. O processo também está em andamento no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), autarquia federal vinculada ao Ministério da Economia, responsável pelo aperfeiçoamento, disseminação e gestão do sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de propriedade intelectual para a indústria. Agora, o inventor busca parceiros para viabilizar a produção e comercialização da plataforma em escala no mercado nacional e internacional.