Transporte de cargas “volta aos trilhos” em 2020
São Paulo, SP. 5/10/2020 –
O transporte rodoviário de cargas foi considerado pelo governo como serviço essencial durante o período crítico da pandemia, mas o volume de serviço registrou queda. A atividade termina o semestre em recuperação.
O ano de 2020 trouxe um grande abalo ao mercado com a crise mundial de saúde pública pela Covid-19, doença decorrente do Coronavírus. Em meio às mudanças e adaptações da indústria, varejo e agronegócio, o setor de transporte de cargas está entre os que mais sentiram os efeitos da pandemia. Com menos trabalho e renda, dificuldade de conseguir combustível para seguir viagem, falta de locais para alimentação e higiene pessoal, os caminhoneiros e, consequentemente, as transportadoras enfrentaram bravamente os dias de quarentena da população e a paralização quase total das atividades em geral.
De acordo com dados colhidos pelo SETCESP – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, já na primeira semana de isolamento social a queda no volume de cargas era de 26,1% em relação à operação normal das transportadoras. Na primeira quinzena de abril, em carga fracionada, a queda representou 46,28%, enquanto que em lotação, alcançou 41,84%.
Acostumados a movimentar, segundo a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), 60% da demanda de mercadorias do país ao longo dos 1,7 milhões de quilômetros de estradas que cobrem o território nacional, os caminhoneiros encontraram de tudo no transporte de cargas durante primeiro quadrimestre de 2020: carregamentos parados, fretes fora da tabela e mesmo assim não desistiram.
Na verdade, o setor de transporte de cargas provou sua capacidade ao enfrentar os efeitos da crise do coronavírus e absorver as demandas. Muitas empresas deram seu jeito e o avanço do e-commerce ajudou. Dados da Kantar mostram a adaptação de consumidores e empresas às mudanças que aconteceram nesse período. Dentre os principais artigos que os brasileiros começaram a comprar ou aumentaram gastos no consumo online estão: o fast food (54%), os remédios (37%) e os itens de vestuário (34%).
Algumas soluções para as transportadoras, como as de publicação de fretes online, registraram alta e ajudaram motoristas autônomos, com caminhões adequados para cada tipo de carga, a encontrar trabalho no transporte de cargas com mais facilidade, em todas as regiões do país.
A procura por uma saída era grande. No primeiro semestre, a plataforma FreteBras alcançou a marca de dois milhões de fretes publicados, número 50% maior do que o registrado no mesmo período de 2019, totalizando a quantia aproximada de R$ 20 milhões em fretes distribuídos aos caminhoneiros durante a fase aguda da pandemia. A base da plataforma conta com 10 mil transportadoras, que publicam fretes ilimitados diariamente para os mais de 420 mil motoristas autônomos cadastrados.
Os caminhoneiros, por sua vez, fizeram mais uso dos meios digitais para a pesquisa de fretes, segundo apurou a FreteBras. Só no primeiro quadrimestre de 2020 esse movimento já registrava aumento de 47% em relação ao mesmo período do ano passado. O aplicativo para caminhoneiros da ferramenta atingiu a marca de 1,4 milhão de instalações nos primeiros seis meses do ano.
Retomada gradual no setor de transporte de cargas
A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) vem monitorando a demanda por transportes rodoviários de cargas no país desde meados de março, quando os efeitos da pandemia começaram. Esse índice atingiu um máximo de recuo de 45,2% na 5ª semana do monitoramento, entre 13 e 19 de abril. A partir desse ponto, começou a apresentar uma leve tendência de recuperação e fechou o semestre com 22% de retração.
Dentre os segmentos menos afetados na pandemia, segundo a NTC&Logística, estão os da indústria farmacêutica (-17%), química e agroquímica (-19,1), do comércio de lojas e supermercados (-22,9) e o do agronegócio (-23,8). O mais prejudicado foi o dos shoppings centers (-58,2%).
Dados do Sem Parar, empresa de pagamentos automáticos, mostram uma redução de 9% na passagem de veículos pesados pelas rodovias do país, no comparativo com o primeiro semestre de 2019. Porém, apenas em junho a modalidade registrou um crescimento de 6,36% em relação a maio, mês que já havia apresentado uma retomada de 12,70%. Os dados mostram que aos poucos o transporte de cargas vem retomando as atividades, mas vale ressaltar que esses números representam as passagens em vias de pagamento automático das praças de pedágio.
A retomada do setor de transporte de cargas também foi confirmada pela plataforma FreteBras, em um relatório apresentado recentemente. As informações dão conta de um crescimento de 31% no volume total de fretes na comparação entre os meses de maio e junho. Em uma análise individual dos principais setores, o aumento foi de 23,2% no agronegócio, 32% na construção e 34,7% nos industrializados no período. No acumulado de maio e junho, o volume de fretes cresceu 74%.
De acordo com o diretor de Operações da plataforma, Bruno Hacad, ao comparar os meses de abril e junho, foi constado um crescimento de 62% nos fretes do agronegócio, 92% nos de materiais de construção e 93% em produtos industrializados, uma retomada importante da atividade.
Na análise dos dados por segmento, ele destaca no agro o crescimento das categorias de fertilizantes (102%), soja (124%) e milho (143%), comparando os meses de abril e junho. “Alcançamos resultados bem expressivos nos últimos meses, apesar do cenário desfavorável da pandemia. A retomada do setor está acontecendo e deve fortalecer cada vez mais o transporte de cargas perante a economia”, afirma o diretor.
Website: http://www.fretebras.com.br