Internação psiquiátrica: qual é a importância da desmistificação?
Brasília – DF 1/7/2021 –
Médicos apontam que conhecer e entender os tratamentos psiquiátricos disponíveis é fundamental para quebrar preconceitos
Um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, informou que 23 milhões de brasileiros apresentavam sintomas de transtornos mentais e 5 milhões sofriam com doenças mentais graves. No mesmo ano, a Pesquisa Nacional de Saúde apontou que 16,3 milhões de pessoas com mais de 18 anos receberam diagnóstico de depressão por um profissional de saúde mental.
Segundo o médico psiquiatra da Clínica Estância Resiliência, no Distrito Federal, Bruno Aires, na última década, houve um aumento significativo no atendimento psiquiátrico e no agravamento dos sintomas de seus pacientes. “Mesmo com o crescimento dos casos, ainda é evidente o preconceito com os tratamentos disponíveis”, afirma o profissional.
Bruno comenta que algumas pessoas associam a internação psiquiátrica com medidas punitivas, o que é um grande equívoco. “É importante compreender que a internação é um Ato Médico (Lei Federal 12.842/13), e como tal, fazemos uso de critérios técnicos no momento da indicação” diz. Assim como na Estância Resiliência, onde Bruno é responsável técnico, diversas clínicas buscam oferecer um tratamento humanizado e moderno, fundamentado em critérios técnicos.
Outrora, os hospitais e clínicas psiquiátricas eram vistos, pela grande maioria da população, como um lugar de maus tratos, tortura e abandono, não oferecendo as condições necessárias de reabilitação e reinserção social e muito menos de tratamento efetivo. Porém, com a humanização da prática médica psiquiátrica, e com a Lei de proteção e o direito das pessoas portadoras de transtornos mentais (10.216/2001), os pacientes passaram a ter seus direitos assegurados e a garantia de um tratamento com internação psiquiátrica multidisciplinar adequado e humanizado.
“Desde a internação, fundamentada em critérios técnicos, até a alta do paciente, ele é tratado de forma humana e não apenas como um diagnóstico ou doente. É importante entender as causas do sofrimento e demonstrar empatia. Dessa forma, mostramos que ele não é um CID (Classificação Internacional de Doenças), não está sozinho, e tampouco está sendo punido, valorizando e desenvolvendo seus potenciais em um programa de reabilitação multidisciplinar individualizado”, afirma a Dra. Nicole Gonzales, psiquiatra da Clínica.
“Psicofobia”
O termo, mesmo não sendo usado na psiquiatria, serve para definir o preconceito em relação às pessoas que sofrem de transtornos mentais. Segundo especialistas, a sociedade tende a temer o que não conhece. Por isso, a melhor forma de combater qualquer preconceito é passando informações com clareza.
Para Nicole, a socialização é fundamental na quebra de alguns tabus. “Buscamos sempre conscientizar nossos pacientes de que a internação é uma preparação para o mundo lá fora. No programa de reabilitação Estância Resiliência, em condições sanitárias normais, levamos os pacientes para museus, cinemas, teatros e restaurantes, para que tenham a experiência do convívio em sociedade e iniciem o processo de reinserção social. Além disso, disponibilizamos todas as informações sobre o andamento do tratamento, para que os pacientes e seus familiares acompanhem e entendam todo o processo de reabilitação.”
Tipos de internação e quando internar
De acordo com a médica, muitas vezes o preconceito também está presente nos pacientes e seus familiares. A não aceitação e demora no início do tratamento pode agravar e prejudicar o tratamento, “é fundamental o entendimento de que os transtornos mentais são doenças como quaisquer outras, e como tal, devem ser tratadas inicialmente em regime ambulatorial e não havendo evolução é que indicamos a internação. Aqui na Estância Resiliência, nós sempre procuramos orientar que a internação é o último recurso, e deve ser considerada com muito profissionalismo”, afirma Nicole.
Há 3 tipos de internação possíveis em clínicas psiquiátricas. Voluntária, que é quando o próprio paciente solicita e aceita sua internação; Involuntária, é realizada sem o consentimento do paciente, quando este demonstra crítica comprometida e oferece risco a si próprio e a terceiros; E a Compulsória, quando é determinada por um juiz. Vale ressaltar, novamente, que a internação só é uma opção quando o tratamento ambulatorial não tem efeito e com indicação médica.
Segundo o boletim científico divulgado pela ABP, Associação Brasileira de Psiquiatria, a internação involuntária ocorre sem o consentimento do paciente, mas com a autorização da família ou responsável legal e do médico que gerou o laudo. O profissional deve comunicar o Ministério Público Estadual no prazo máximo de 72 horas.
“Criar um ambiente digno, acolhedor e que afasta a imagem hospitalar, é fundamental aos pacientes em tratamento psiquiátrico, desconstrói mitos e preconceitos e facilita o processo de reabilitação e reinserção social, fortalecendo o vínculo entre paciente, profissionais de saúde e família, são pilares que nos balizam e nos auxiliam a quebrar paradigmas”, finaliza Nicole.
A Estância Resiliência é uma clínica especializada em saúde mental, emocional e dependências químicas, que busca adotar técnicas humanizadas e modernas.
Para mais informações: https://estanciaresiliencia.com.br/
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