Squad é aposta para dar trégua na guerra de talentos de profissionais de TI
São Paulo 25/1/2022 – Precisamos cultivar uma gestão orientada pela humanização das relações, com a valorização do diálogo, a troca de experiências e de conhecimento no grupo
Modelo formado pela união de pessoas com diferentes habilidades, experiências e perfis, melhora muito a eficiência das empresas de TI, o que motiva ainda mais o engajamento do time
A guerra de talentos na área de TI não dá trégua no Brasil, tornando-se uma constante preocupação das empresas do setor. O país sempre teve escassez de mão de obra no segmento e atualmente precisa de 70 mil profissionais dessa área, contudo, só 46 mil pessoas são formadas com perfil tecnológico por ano, segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais.
Na visão de Fabrício Visibeli, sócio-diretor da CBYK, o cenário de hoje alerta ainda mais os executivos dessas companhias, já que depois de segurar o orçamento por conta das incertezas da pandemia, agora muitos projetos estão saindo do papel e necessitando de mais profissionais da área. “Somado a isso, a corrida das empresas para uma rápida digitalização também aumenta a procura por profissionais. Como se não fosse o bastante, outro problema é encontrado pelo caminho: a rotatividade no mercado de TI, um outro fator de muita preocupação para as empresas”, comenta Visibeli.
Segundo uma pesquisa do Gartner, 91% dos líderes de RH estão cada vez mais preocupados com a rotatividade de funcionários nos próximos meses. O levantamento foi feito com 572 líderes de RH em julho de 2021. Outra pesquisa do Gartner com 1.609 candidatos entre maio e junho de 2021 revelou que quase metade dos candidatos de hoje estão considerando pelo menos duas ofertas de emprego simultaneamente.
Mas como fazer para que a rotatividade não atrapalhe um projeto e que os profissionais se sintam engajados para entrega do projeto? Segundo Visibeli, um caminho adotado pelas empresas que tem dado certo é a implementação de metodologias e estruturas de gestão ágil, como os squads, modelo organizacional caracterizado pela divisão dos colaboradores em equipes multidisciplinares, com um foco de trabalho em comum. “A diferença marcante é que enquanto a configuração tradicional divide os colaboradores em departamentos de competências específicas, como Marketing, Vendas e Tecnologia, os squads são compostos pela união de pessoas com diferentes habilidades, experiências e perfis. Ou seja, uma equipe pode ser formada por um profissional de marketing, um de vendas e um desenvolvedor”, explica.
O executivo reforça que esse time de alta performance melhora e muito a eficiência das empresas de TI, o que motiva ainda mais o engajamento do time. Isso porque a equipe multidisciplinar de colaboradores trabalha em torno de um só produto ou fluxo, buscando sempre a melhoria contínua e com tomadas de decisões de forma autônoma e ágil. “As entregas são feitas em pequenos períodos – 15 dias a um mês – permitindo que o cliente faça mudanças no projeto durante o percurso, o que garante uma entrega mais efetiva”, conta.
O grande lance nesse processo, segundo Visibeli, é que essas equipes estejam conectadas ao propósito da empresa, que hoje deve ser pautada por uma nova mentalidade de inserir os colaboradores no centro das estratégias de crescimento.
“Minha dica para reter essa nova geração de talentos é a de cultivar uma gestão orientada pela humanização das relações, com a valorização do diálogo, a troca de experiências e de conhecimento no grupo. Em linhas gerais, a ideia é que o colaborador se sinta tão parte do negócio a ponto de conseguir enxergar-se como potencial sócio da empresa; o que aumenta, e muito, o nível de engajamento se for algo fidedigno ao discurso”, destaca.
Por fim, o executivo reforça que o TI do futuro dependerá, cada vez mais, de profissionais com perfis empreendedores criativos, tomados pelo que chamamos de sentimento de dono. “As empresas precisam tirar essa ideia do papel, afinal, softwares são construídos por pessoas, que representam os nossos maiores e melhores ativos, então que tal uma mudança de mentalidade para ontem? O futuro do seu negócio pode depender disso”, completa.
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