Seguro da fertilidade: como o congelamento de óvulos pode ser aliado nos planos de maternidade tardia
Londrina/PR 1/3/2021 – As novas técnicas de reprodução assistida aumentam as chances de a paciente ter sua fertilidade preservada.
Procedimento é o mesmo ao qual a influencer Gabriela Pugliesi se submeterá após o recente anúncio de separação.
O anúncio da separação do casal de influenciadores Gabriela Pugliesi e Erasmo Viana evidenciou um assunto específico da reprodução humana. Em um vídeo no qual conta a respeito do rompimento com o marido, Gabriela comenta que a primeira providência que tomou após o fim do relacionamento foi a decisão de congelar os óvulos. “Sinceramente, eu acho isso muito importante: se eu soubesse como funciona isso tudo, eu teria congelado meus óvulos com uns 20 e poucos anos. Então, você que é nova, que um dia quer ser mãe, pense sobre isso. Porque de repente diminui a chance de ter um processo doloroso, sabe?”, diz a influencer.
Assim como Gabriela, muitas pessoas desconhecem ou tem dúvidas sobre como funciona este procedimento. O médico especialista em reprodução humana, Vinícius Stawinski, esclarece os principais pontos a respeito do congelamento.
Quem deve fazer?
“O ideal seria que toda mulher com mais de 25 anos, sem planos concretos de ter filho em um futuro próximo ou que a questão profissional inviabilize o desejo de gestar no momento, pensasse sobre o congelamento de óvulos”, explica o médico. “As novas técnicas de reprodução assistida aumentam as chances de a paciente ter sua fertilidade preservada. Como o potencial reprodutivo feminino fatalmente cai com a idade, muitas mulheres optam por congelar antes dos 35 anos e apostar na sua carreira.”, pontua o médico.
É importante lembrar ainda que o congelamento de óvulos também faz parte do arsenal terapêutico para preservar a fertilidade de pacientes submetidas a tratamentos que possam ter a sua fertilidade comprometida e podem prejudicar sua reserva ovariana, como quimioterapia, cirurgia ovariana ou endometriose.
Qual a idade ideal?
A fertilidade feminina está ligada ao número e à qualidade dos óvulos que cada mulher tem nos ovários. Assim, conforme a mulher envelhece, os números qualitativos e quantitativos de óvulos diminuem. “Com isso, é natural se pensar que existe a idade ideal para o congelamento de óvulos. O fato é: quanto antes realizar o procedimento, melhor”, frisa o médico.
“No melhor cenário, orienta-se em torno de 25, 30 anos. Por quê? Nessa faixa etária, a mulher possui uma quantidade maior de óvulos e eles estão mais propensos a serem saudáveis. Depois dos 35/36 anos, a mulher pode não desenvolver tantos óvulos durante o processo de estimulação e a qualidade também será afetada. Estima-se que cerca de 30 a 40% dos óvulos nessa idade não sejam cromossomicamente normais. Mas claro: o hoje é sempre muito melhor do que o amanhã”, pondera Stawinski.
Quais as chances de ter filhos com óvulos congelados?
Esse “seguro da fertilidade” ocorre por meio do congelamento de óvulos. Não há um limite de tempo que podem ficar congelados. “A porcentagem de gravidez futura com o uso da técnica depende muito da idade da mulher no momento da captação. Se uma mulher congelar seus óvulos antes dos 35 anos, com 10 óvulos congelados, a chance de ter um filho é de aproximadamente 60% e, com 15 óvulos, a chance sobe para 80%. Após os 35, anos, a chance cai pela metade”, afirma o médico.⠀
“Preservar a qualidade do hoje para que no futuro, quando quiser e se precisar, os óvulos vão manter a mesmíssima qualidade do agora! É como seguro: a gente faz para não usar, mas, caso seja necessário, ele está ali para nos amparar”, diz o especialista.
Experiências
As histórias de quem procura o congelamento de óvulos são as mais variadas. A consultora de vendas Suellen Ribeiro, de 36 anos, de Londrina (PR), conta que desde pequena, o maior sonho dela é ser mãe, por ser filha única, mulher e ter sofrido por não ter irmãos para dividir responsabilidades. “Sempre coloquei como uma das minhas prioridades de vida. Então, quando cheguei aos 30 anos e vi que não tinha casado nem realizado esse sonho, busquei informações. Porém, só amadureci a ideia aos 34 anos, pois todo ano gastava dinheiro com viagens. Decidi deixar de viajar para Europa, que também era um sonho, para fazer o procedimento”, relata. “Foi quando eu procurei o dr. Vinícius para tirar as dúvidas, e já marcamos. Foi super tranquilo. Retiramos 35 óvulos e congelamos 22. Foi um presente que Deus me deu naquele momento, um número expressivo para a coleta normal. Saí de lá e parecia que eu já estava grávida. Foi sensacional, pois me dei a chance de poder engravidar mais tarde sem muitas preocupações que me deixavam ano a ano triste”, diz. “Acho que todas as mulheres que têm esse sonho como eu deveriam fazer. Não tem preço nem palavras para descrever o quanto sou grata por ter me dado essa chance”, comenta. Ela retirou os óvulos em julho de 2018, e planeja a gravidez para os próximos anos.
Já a consultora de crédito e cobrança Patricia Pilarski Wosgrau, 36 anos, é solteira e não tem pretensão de ter filhos neste momento. A decisão de congelar ocorreu porque uma das melhores amigas dela, que já passou dos 40 anos, está tentando engravidar há cerca de três anos e já se submeteu a diversos tipos de tratamentos. “Ela disse que, se pudesse me dar um conselho, seria para eu fazer o procedimento de congelamento de óvulos. Ela e o marido são muito amigos meus, e me falaram: “sabemos que você é solteira, não tem intenção de engravidar, mas faça enquanto há tempo”, lembra. A conversa ocorreu em novembro, quando ela tinha 35 anos. Patricia já foi casada, mas se separou aos 31 anos e, na época, ouviu pessoas perguntando se ela não iria congelar óvulos.
Ela se consultou com Stawinski no fim do ano passado, e a coleta dos 25 óvulos dela ocorreu em fevereiro. “Eu acho que foi a melhor decisão que eu fiz, porque só me traz tranquilidade. Se eu precisar, eu tenho óvulos congelados. Eu acho que toda mulher que tem condições, tem uma vida como a minha, sou uma pessoa que moro sozinha em Londrina, minha família não é daqui, eu trabalho viajando muito, não tenho namorado, sou solteira, não me vejo sendo mãe nesse momento. E graças a Deus tenho condições. O empoderamento de uma mulher em congelar óvulos se torna muito maior pelo fato de que você toma a decisão se você vai querer ou não. Foi uma decisão muito acertada e falo para todas as minhas amigas que têm condições fazerem”, finaliza.