Arie Halpern: banimento de app de festas secretas é mais um passo para responsabilização das Big Techs

5/1/2021 – O objetivo é informar o usuário quando algum aplicativo deseja acompanhar suas atividades em outros apps e sites

A notícia de que um aplicativo destinado a organizar festas secretas burlando as limitações impostas por muitos governos neste fim de ano para evitar a disseminação da covid-19 ganhou destaque. O aplicativo foi banido da Apple Store e sua conta oficial também foi retirada do Instagram e do TikTok, onde fotos das festas eram exibidas.

Com acesso restrito, os usuários precisavam registrar a identidade para se cadastrar e, então, organizar ou acessar as informações sobre as festas. O sistema permitia ao organizador aprovar quem poderia ir ou não e enviava aos participantes o local da confraternização, duas horas antes do início.

De acordo com o registro, o app foi disponibilizado há cerca de quatro meses. Com alguns milhares de seguidores, mas ainda pouco conhecido do grande público, ganhou notoriedade há poucos dias quando uma repórter do jornal “The New York Times” publicou um post no Twitter com capturas de tela com imagens do aplicativo que mostravam o anúncio de uma festa secreta de fim de ano em Nova York.

Ao banir o aplicativo as gigantes de tecnologia parecem indicar que as críticas recentes em relação às suas responsabilidades pelo conteúdo que circula em suas plataformas estão fazendo-as reagir. Muitas delas estão, inclusive, sendo questionadas por governos e órgãos reguladores, seja pela preocupação em torno da concentração de mercado ou por aspectos envolvendo a privacidade ou, como nesse caso, a violação de regras que põem em risco a sociedade.

Recentemente, um executivo da Apple declarou que a empresa pode remover da App Store os aplicativos que não cumprirem as regras anti-rastreamento que a empresa está implantando para cumprir as novas normas de proteção de dados. O objetivo é informar o usuário quando algum aplicativo deseja acompanhar suas atividades em outros apps e sites, informações que costumam ser usadas para personalizar a exibição de anúncios.

As novas ferramentas incluem, por exemplo, a função que avisa o usuário quando a câmera ou o microfone do dispositivo está sendo usado por um app, o alerta de senhas comprometidas e a opção de restrição de acesso à galeria de fotos.

As grandes plataformas de mídia digital precisam assumir maior responsabilidade para evitar a desinformação que circula por elas.

A notícia do banimento de um aplicativo que contraria normas e põe em risco a sociedade como um todo não encerrará o debate nem fará com que outras situações como esta se repitam. Mas, certamente, é mais um passo numa sequência de situações que inclui o escândalo da Cambridge Analytics e a influência de fake news nas eleições de vários países. E que já teve avanços, como o surgimento de iniciativas como o Sleeping Giants, que alerta as grandes marcas para o financiamento de canais que disseminam fake news e discurso de ódio.

Website: http://www.ariehalpern.com.br/banimento-de-app-de-festas-secretas-e-mais-um-passo-para-responsabilizacao-das-big-techs/

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