Volta de pandemia aumenta riscos cardíacos e de depressão
São Paulo 2/12/2020 –
Ansiedade gerada com a nova onda da pandemia pode ser responsável pela liberação de um hormônio capaz de causar doenças coronárias e, até mesmo, depressão. Profissionais apresentam alternativas para atravessar a nova quarentena e manter a saúde física e mental.
O cortisol é um hormônio liberado naturalmente através do nível de estresse diário, seja por preocupação, medo, ansiedade, ou momentos de nervosismo causados pela insegurança com a saúde física, financeira, ou até mesmo emocional. Esse hormônio é responsável por combater inflamações, auxiliar no funcionamento do sistema imunológico, controlar o nível de açúcares no sangue e manter as condições saudáveis da pressão arterial. Porém,quando o organismo se mantém em estado de alerta por um período prolongado, assim como na pandemia, pode gerar desequilíbrio que altera a frequência cardíaca e também mudanças nos níveis de açúcares na corrente sanguínea. O desnível das taxas de cortisol presente no organismo é capaz de gerar cansaço, fraqueza, prostração, aumento do ganho de peso, diabetes, hipertensão, alteração do sono, queda de cabelo, dores musculares depressão e infarto.
Para que o organismo não sofra com as alterações provocadas pelo cortisol é necessário que o corpo produza harmonicamente a serotonina, a endorfina, a dopamina e a ocitocina, conhecidas como quarteto da felicidade. Entre outras coisas, são hormônios responsáveis por equilibrar o organismo humano e trazer a sensação de bem-estar. A estabilidade entre o quarteto da felicidade e o cortisol pode ser conquistada através de ferramentas simples, como alimentação balanceada, exercícios físicos e tratamento emocional.
Segundo o fisiologista e personal training Ricardo Aguas, pequenos esforços diários podem ser o suficiente para estimular a produção dos hormônios que controlam o cortisol “Nosso organismo esta programado para liberar endorfina e serotonina a partir de 15 minutos de exercícios aeróbicos, por isso esse é o período no qual a pessoa ainda não esta “animada” para fazer a rotina de exercícios, o que torna esse o tempo de maior resistência emocional para a execução. É normal que a motivação para prosseguir com as atividades venha apenas após o início da libertação dos hormônios que trazem essa sensação de bem-estar.” comenta.
Para Aguas o estímulo à produção diária desses hormônios é decisiva para estabelecer a rotina de atividade física “Todos conhecem aquela pessoa que ama fazer exercícios e se perguntam como chegar a esse nível. A resposta está na produção desses hormônios, quando o organismo acostuma com essa liberação é normal que busque novamente o estímulo que a atividade traz, ou seja a sensação de bem estar. Pode demorar cerca de três meses para que o corpo entenda que essa é uma das ferramentas na produção desse quarteto, o que pode variar para cada pessoa.”
Ele também lembra que a execução errada dos exercícios pode trazer dores excessivas, ou machucar ossos e músculos, o que desestimula a pessoa a criar a rotina de treino. Por isso a execução das atividades deve ser orientada individualmente respeitando o biotipo e prazer de execução de cada pessoa.
A psicóloga clinica Irene da Silva Stranieri, lembra que saber controlar os impulsos emocionais é fundamental para não permitir a sensação de estresse por período prolongado e assim manter as produções hormonais equilibradas. “A pandemia colocou luz aos monstros internos e obrigando todos a lidarem sozinhos com situações inesperadas. Houve um aumento do medo, da tristeza, da ansiedade pelos mais variados motivos e a exposição desses sentimentos já passa de meses, um período prolongado cheio de incertezas sobre o futuro, o que interfere diretamente na sensação de autorrealização e bem estar. Isso ajudou a aumentar significativamente na produção de cortisol e consequentemente as pessoas começaram a apresentar um maior índice de depressão. Algo que é natural.” Ressalta.
Para ela o autoconhecimento é um caminho que ajuda a guiar alguns sentimentos que podem gerar a satisfação. “É impossível controlar o primeiro impulso do sentimento humano e é importante vivenciá-lo para novos aprendizados, porém com o autoconhecimento é possível guiar essa sensação para ser modificada, a fim de sair das situações de ansiedade e estresse com mais facilidade. Para isso é preciso entender qual situação desencadeia essa emoção e como foi aprendido aquele sentimento. Com base nessa resposta é possível criar outras alternativas para essa postura e assim gerar novos comportamentos e sentimentos. Essa é uma ferramenta que deve ser utilizada tanto no período de pandemia, como para o restante de nossas vidas”. Conclui a psicóloga.
Além da execução de exercícios físicos e do autoconhecimento a alimentação também pode ser uma excelente aliada no combate ao desequilíbrio do cortisol. “A rotina alimentar ajuda o organismo a produzir algumas enzimas e hormônios, responsáveis por equilibrar as nossas emoções. Salmão, bananas, nozes, ovos e alimentos que contêm triptofano são responsáveis por aumentar a produção de quatro neurotransmissores: dopamina, serotonina, endorfina e ocitocina e trazer a sensação de bem estar. Por isso é comum sentir aquela sensação de prazer instantânea ao saborear alguns alimentos, assim como o chocolate. Eles agradam o paladar, mas também possuem uma função essencial no organismo.”, comenta o nutrólogo e ginecologista dr. Leandro Nardi.
Para ele o organismo esta em constante transformação e por isso é necessário saber quais são os itens que precisam de reposição para mantê-lo equilibrado e não desenvolver algumas doenças. “Essa constante alteração pode ser demonstrada em um único período menstrual da mulher. São diversas etapas em menos de trinta dias, com alterações de enzimas e hormônios em um curto espaço de tempo, o que provoca carência e excesso hormonais. Entender como cada etapa funciona ajuda a estabelecer qual alimento deve ser ingerido e assim amenizar significativamente os sintomas que são vivenciados nesse período. Da mesma maneira funciona a rotina de qualquer pessoa, com alterações diárias que vivemos devido às nossas atividades. Por isso é importante conhecer a realidade de cada organismo e estabelecer qual alimento pode auxiliar.”, salienta.
O nutrólogo ressalta que alguns exames de rotina, como de sangue e urina, podem sinalizar as deficiências do organismo e facilitar na reposição que for necessária para cada um.
Assim é possível encontrar o caminho e serviço mais indicado para enfrentar as próximas etapas da pandemia.