Grupo hospitalar mineiro apresenta história de sucessão familiar
Integrantes da família Salvador, que comanda o Mater Dei, participaram do “IBGC Conecta” nesta semana
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) realizou, na quinta-feira (15 de outubro), mais uma edição da série on-line “IBGC Conecta”. Dessa vez, o tema debatido foi “Governança e sucessão em famílias empresárias”, com a participação de integrantes da família Salvador, da rede Mater Dei de Saúde, que apresentaram os processos de sucessão e a trajetória de sucesso do grupo. O webinar completo pode ser assistido em https://www.youtube.com/watch?v=m_tHvpgiD5s.
O médico Henrique Salvador, diretor-presidente do Mater Dei, e o diretor de operações José Henrique Dias Salvador falaram sobre os principais processos e lições aprendidas do grupo familiar e a visão da terceira geração. A mediação foi feita pela coordenadora geral do capítulo Minas Gerais do IBGC, Monica Cordeiro, e pelo coordenador do Capítulo Minas Gerais do IBGC, Fábio Abreu, que também é sócio da PwC Brasil.
Referência na prestação de serviços hospitalares, a rede Mater Dei nasceu em Minas Gerais e é uma empresa familiar que celebrou 40 anos em 2020. Com três unidades hospitalares —sendo duas em Belo Horizonte (Santo Agostinho e Contorno) e o Mater Dei Betim-Contagem—, o grupo se prepara para inaugurar, em 2022, uma filial em Salvador (BA). Atualmente, a empresa conta com cerca de 1.100 leitos, faturamento anual de aproximadamente R$ 800 milhões, 5.300 médicos cadastrados no corpo clínico e 3.300 colaboradores. “A governança corporativa realmente está em nosso DNA e as questões familiares sempre foram amplamente discutidas, para que pudéssemos levar o Mater Dei à perenidade”, revelou José Henrique Dias Salvador, membro da terceira geração da gestão familiar.
Fábio Abreu questionou sobre como o grupo se posiciona em temas disruptivos (entre eles, inteligência artificial e robotização) e qual o papel do conselho de administração nas discussões relacionadas a essas estratégias. “Nossa razão de existir são os nossos pacientes. É necessário criar condições para que eles recebam o melhor cuidado sempre dentro da nossa instituição. Com as possibilidades criadas pelas novas tecnologias, novos formatos de atendimento foram implantados, como, por exemplo, o uso da inteligência artificial para entender as necessidades dos nossos pacientes”, explicou o diretor de operações do grupo.
Os desafios enfrentados durante a pandemia, sobretudo pela área médica, e a importância da medicina para a sociedade, também foram abordados no webinar. “A pandemia nos mostrou, principalmente, a importância do investimento adequado em sistemas de saúde e nos fez constatar que as instituições hospitalares são referência para as comunidades. Várias ações foram desenvolvidas pelo nosso comitê de crise, entre elas a disponibilização gratuita de três andares da unidade Mater Dei Betim-Contagem para utilizar como hospital de campanha, com leitos montados, para pacientes atendidos pelo SUS”, afirmou Henrique Salvador.
Governança corporativa no grupo Mater Dei
O diretor-presidente explicou a composição da gestão do grupo e como foi realizada a sucessão entre as gerações. “O processo se deu de forma isonômica e algumas premissas foram colocadas para que a segunda e a terceira gerações participassem da gestão dos negócios. Existem regras muito claras para que os membros da família participem e temos um conselho de família bastante ativo, que funciona sob a presidência da matriarca, dra. Norma Salvador”, comentou Henrique Salvador.
“Os fundadores sempre tiveram uma preocupação muito clara de enfrentar o desafio, que muitas empresas passam, sob o pretexto da profissionalização, de não ter membros das gerações subsequentes atuando na instituição. Ao participar de vários encontros, há muitos anos, dr. José Salvador Silva teve acesso ao dado que mais o chocou durante a vida profissional: somente 3% das empresas familiares sobrevivem à transição da segunda para a terceira geração”, declarou José Henrique Salvador. Ele comentou que, para o fundador, isso foi muito marcante e um acordo entre os acionistas determinou regras muito claras para a entrada de membros da terceira geração na gestão.
“Sob o prisma de um membro dessa geração, que viveu esse processo, para mim, essas regras claras foram muito importantes e isso nos deu condições de nos profissionalizarmos. Para poder atuar na instituição, precisamos passar por várias etapas, como fazer um curso superior compatível com o negócio, estagiar na instituição e passar por um job rotation, trabalhar em organizações de saúde do mesmo porte ou até maiores que o Mater Dei, fazer MBA no exterior, para só assim retornarmos para uma posição diretiva no grupo. Sem dúvida, esse processo nos confere legitimidade na própria organização”, acrescentou.
IBGC lança material para auxiliar sucessão familiar nas empresas
Para apoiar as empresas nos desafios relacionados à sucessão familiar, o IBGC lançou, recentemente, uma publicação, que reforça os principais processos para garantir a perenidade do negócio nas próximas gerações. O material está disponível em https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/Publicacao.aspx?PubId=24318.
Segundo Monica Cordeiro, para que as empresas familiares continuem competitivas, os espaços de liderança e sucessão precisam ser construídos, sempre com possibilidade maior de sucesso se for um processo estruturado e com a participação dos fundadores. Também é abordada a importância do alinhamento cultural e dos valores da empresa e da família para motivar as próximas gerações para a sucessão, desenvolvendo as competências necessárias para a transição. O documento também apresenta boas práticas e funciona como um guia para as ações das empresas familiares.
Pesquisa da PwC aponta desafios das próximas gerações
Um a cada cinco membros das próximas gerações de empresas familiares no Brasil acredita que precisa provar seu valor, antes de apresentar suas ideias de mudança à companhia. Isso representa 17% da futura geração de líderes do país. Outros 7% afirmam fazer sugestões nas empresas de suas famílias, mas que elas não são ouvidas. As informações são da Pesquisa Global NextGen, realizada da PwC.
O levantamento foi realizado, no ano passado, com 956 membros da próxima geração de empresas familiares de 69 territórios, sendo 41 representantes brasileiros. De acordo com o estudo, 40% dos membros da próxima geração de empresas familiares no Brasil miram a posição de diretor executivo nos próximos cinco anos e 56% já estão envolvidos de forma ativa nos negócios da família.