Corte de investimentos em programa de moradia popular pode aumentar desemprego no país

Com a medida, Sinduscon-MG avalia que mais de 200 mil obras habitacionais para população de baixa renda devem ser paralisadas

Os cortes de investimentos do governo federal no programa Casa Verde Amarela (antigo Minha Casa Minha Vida) devem gerar a paralisação de obras em algumas regiões do país. O Orçamento 2021 da União reduziu em 98% os recursos destinados ao programa habitacional, o que praticamente zera os investimentos que estavam destinados ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que viabiliza as obras da “faixa 1” do programa. Isso impossibilita a construção de mais de 200 mil imóveis que já estavam em processo e, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a medida coloca em risco mais de 850 mil empregos no país, considerando mão de obra direta e indireta do setor.

Com o retrocesso no programa habitacional, os brasileiros com salários de até R$ 1,8 mil, que teriam direito a solicitar o financiamento imobiliário, serão praticamente excluídos. Segundo Bruno Xavier, diretor de Programas Habitacionais do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), os impactos da medida serão grandes para o mercado e para a sociedade em geral. “Esse cenário dificulta ainda mais o acesso das pessoas à casa própria e vai afetar justamente as famílias que mais precisam do subsídio”, afirma. Com um déficit habitacional estimado em cerca de 5,877 milhões de unidades, o país pode ver a política habitacional regredir ainda mais com os cortes. “Essa medida contribuirá com a falta de moradia, que já piorou por causa da pandemia de Covid-19 e do desemprego”, destaca. 

Minas Gerais, apesar de não atuar tão fortemente na faixa 1 do programa, também terá um desequilíbrio no planejamento de obras e possivelmente na execução de novos empreendimentos. “Isso vai impactar, principalmente, as obras já contratadas, gerando uma paralisação pela interrupção do aporte financeiro federal”, analisa Xavier. A decisão tem o potencial de aprofundar a crise econômica no país, para além da construção civil, e levar várias empresas à falência. 

O presidente do Sinduscon-MG, Geraldo Linhares, alerta que a redução no orçamento pode quebrar o pilar de sustentação de empregos no país, uma vez que a construção civil é o setor que mais vem gerando vagas com carteira assinada, principalmente durante a crise social e sanitária causada pela pandemia de Covid-19. “A construção civil é um dos principais motores do desenvolvimento do país. Esse corte de recursos vai gerar um caos, paralisar obras, demitir pessoas e criar um sério problema para a população”, destaca. 

A medida, segundo Linhares, traz ainda mais insegurança jurídica às construtoras, que já enfrentam, desde o ano passado, problemas com o aumento de custo dos materiais de construção, que pressiona o valor de venda dos imóveis. O impacto disso já havia sido sentido com mais força justamente pelas empresas que atendem ao programa Casa Verde e Amarela, em função de suas margens, que são menores, e por possuir teto para contratação. “Isso prejudica o mercado que já estava complicado. A construtora já está com preço espremido e agora pode enfrentar uma paralisação das obras devido à falta de recursos”, analisa Linhares.

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