Liderança feminina avança na agenda ESG segundo pesquisa

De acordo com uma pesquisa publicada pela GV-executivo (da Fundação Getulio Vargas) na análise do desempenho geral ESG, as empresas que possuem mulheres na diretoria demonstraram melhores pontuações em relação às empresas com ausência de executivas em cargos de liderança que demonstraram estar no grupo de baixa performance. A pesquisa constatou que 31%, ou 16 entre 52 organizações se apresentaram no grupo Baixo ESG e não possuem a presença de mulheres tanto na diretoria como no conselho. Já no grupo que apresenta alta pontuação em ESG, essa dupla ausência cai para 17%, ou seja, 8 em 46 organizações.

A sigla ESG — Environmental Social and Governance, que diz respeito à governança ambiental e social, tem sido muito utilizada para resumir os temas acerca das questões ambientais, sociais e de governança corporativa no âmbito empresarial. Este tópico trata-se de uma abordagem para avaliar até que ponto uma corporação trabalha em prol de objetivos sociais. Nas questões de Governança ambiental e social, uma das dimensões relevantes está na equidade de gênero e o resultado destas discussões está, cada vez mais, associado à sua relação com o mercado financeiro.

Em uma iniciativa com o propósito de agregar, apoiar e catalisar atores e ações que promovam a diversidade estrutural e a inovação inclusiva na busca pela equidade de gênero nas corporações, a ONU Mulheres e a Pacto Global lançaram o Movimento Elas Lideram com foco na promoção da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres, o Movimento espera que mais de 1,5 mil empresas se comprometam com o tema e levem mais de 11 mil mulheres para cargos de alta liderança dentro das companhias até 2030. No evento de lançamento, que ocorreu no último mês (31), compareceram mais de 50 empresas, incluindo o Movimento Mulheres 360 que, ao lado das empresas Uber e Animale, financiam todas as atividades do Elas Lideram.  Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é uma prioridade e o envolvimento do setor privado é fundamental para a missão do ODS 5, que diz respeito à igualdade de gênero.  

Seis organizações com influência e atuação no setor automotivo assinaram os Princípios de Empoderamento Feminino (Women’s Empowerment Principles – WEPs), o movimento aconteceu durante o II Fórum AB Diversidade no Setor Automotivo e o compromisso foi assumido por organizações dos mais diversos tamanhos e escopos de atuação: Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, pela Faurecia, fornecedora de componentes, Mercedes-Benz, MHD Consultoria, Pieracciani Consultoria, SD&Press e, enfim, a própria Automotive Business: “É essencial ter mais empresas automotivas comprometidas com os Princípios de Empoderamento da Mulher. Por isso, a nossa parceria com a Rede AB Diversidade é tão importante”, diz Adriana Carvalho, gerente da ONU Mulheres.

A XP, empresa de investimentos, é outra empresa que assumiu o compromisso de promover a equidade de gênero em todos os níveis hierárquicos da organização até 2025. A mudança já refletiu nos resultados financeiros. No último ano, a presença das mulheres em cargos de liderança cresceu 120%, segundo a Head de Diversidade e Inclusão da XP: “o EBITDA (de 2021) foi 66% maior do que em 2020 e o aumento aconteceu durante o crescimento das mulheres em cargos de liderança”.

A Diretora Estratégica de Carreira da Success People — empresa de desenvolvimento pessoal e gestão de pessoas — localizada em São Paulo, que atende o território nacional e internacional, Márcia Pillat, acredita que os números irão direcionar os próximos caminhos no aumento de mulheres nas posições de comando: “A aferição de desempenho da governança social, ambiental e corporativa, serve para que as empresas entendam seus impactos sobre o meio ambiente, o mercado econômico, as comunidades e a sociedade em geral. Neste processo de transformações estas percepções desencadeadas pela perspectiva evolutiva vieram à tona mostrando através de pesquisas da área a importância de mulheres e homens contribuírem de maneira uniforme dentro das corporações e fora delas”.

Para Neiva Gonçalves, Cofundadora da Success People, organizações com alta pontuação em indicadores de sustentabilidade têm em comum a liderança feminina: “Melhores relações promovem segurança a longo prazo, o que gera maior segurança na performance financeira, ponto que tem chamado a atenção de investidores em todo o mundo. Mulheres possuem maior capacidade de humanizar as relações com os colaboradores, parceiros e investidores, quando se trata de ESG, é indispensável o olhar para a diversidade, temos notado em nossos parceiros que organizações com alta pontuação em indicadores de sustentabilidade têm em comum a liderança feminina”, aponta: “As habilidades empreendidas pelas mulheres na maternidade estão alinhadas aos princípios da agenda ESG, este é o ponto forte”.

Ainda que sustentabilidade e equidade de gênero sejam desafios persistentes na sociedade, são os compromissos assumidos diariamente, os verdadeiros responsáveis por uma transformação efetiva e os temas da Agenda ESG tem potencializado o avanço da equidade de gênero no Brasil: “São as necessidades que geram as tendências”, conclui Neiva.