Psicólogos apontam desafios pós pandemia para a saúde mental em 2022
Vila Mariana, SP 18/2/2022 – “Cuidar da saúde mental é fundamental em qualquer ocasião, para qualquer pessoa e em qualquer idade”
Levantamento mostra os maiores obstáculos para crianças, adolescentes, adultos e organizações após dois anos atípicos
Com o retorno às aulas presenciais, questões como a socialização para as crianças, conflitos gerados pela busca de identidade para os jovens, incertezas e inseguranças para os adultos e até para as empresas voltam à tona. Em pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) no ano passado, foi relatado que as principais causas de procura para consulta foram: luto, ansiedade, depressão, estresse pós-traumático em casos de recém doentes, abuso de drogas e álcool e a Síndrome de Burnout.
A pesquisa também apontou que 59% de seus psicólogos associados tiveram aumento de mais de 20% em atendimentos durante a pandemia, sendo que 69,3% destes pacientes já teriam recebido alta e retornado, nos casos de pacientes ainda em tratamento, os profissionais afirmaram que 83% dos pacientes tiveram agravamento de seu quadro.
Em um levantamento realizado na primeira semana de fevereiro, pelo grupo de professores mestres de Psicologia do Centro Universitário Paulistano Carlos Henrique Santos da Silva, Cristina Strufaldi, Jorge de Oliveira Vieira, Janete Teixeira Dias e Alexandre Nicolau Luccas, foram analisadas as principais questões psicológicas em todas as idades após o período de pandemia, as mudanças e consequências, que interferirão diretamente no trabalho do profissional em Psicologia.
A socialização, tão importante na primeira infância, é a maior preocupação atual entre os pais. Com restrições ainda vigentes nos protocolos de segurança, muitas ainda terão contato humano limitado. Outra preocupação relevante diz respeito ao contexto escolar, que, embora tenha retomado as aulas presenciais, terá o desafio de integrar a criança no processo educacional após um longo período de ensino remoto.
A fase da adolescência, acompanhada pela puberdade, vem junto com inseguranças. O adolescente está passando por transformações físicas e emocionais enquanto busca sua identidade, e estas questões normalmente geram conflitos.
A pandemia prejudicou a socialização, portanto, as relações interpessoais de todos esses grupos. O acompanhamento psicológico nesta fase auxilia a criança e o adolescente a retomar sua extroversão e comunicação fora das telas, construindo autonomia e responsabilidade pelas próprias ações.
Para os adultos, além da preocupação com suas crianças, os desafios crescem no sentido de responsabilidade, garantir a segurança e sustento de sua família enquanto ainda lutam para cuidar de sua própria saúde e sanidade. Uma das grandes dificuldades, no contexto de Psicoterapia, no momento em que muitos estão adoecendo, é desmistificar a ideia de que a terapia só serve para pessoas com problemas mentais, não é importante ou não funciona. “Cuidar da saúde mental é fundamental em qualquer ocasião, para qualquer pessoa e em qualquer idade”, diz professor e coordenador da Clínica Escola da UniPaulistana Carlos Henrique Santos da Silva.
As empresas e organizações também aparecem no levantamento dos desafios. Desde janeiro de 2022, quando entrou em vigor a CID-11, uma nova classificação internacional de doenças. A Síndrome do Burnout, que consiste no esgotamento profissional, passou a ser classificada como risco ocupacional, saindo da categoria de doença mental e passando a ser reconhecida como um problema associado ao trabalho. Uma pesquisa realizada pela consultoria Conversion aponta que 73% dos brasileiros foram emocionalmente impactados pelo isolamento, principalmente por conta do home office, o desafio da Psicologia Organizacional, consiste em apoiar funcionários e empresas na promoção de saúde mental nos ambientes de trabalho, encontrando estratégias para mitigar o estresse, evitando que a situação avance.
De acordo com dados da OMS, até 2030 a depressão será a doença mais comum do mundo, durante o primeiro ano de pandemia, a PEBMED identificou que 78% dos profissionais de saúde apresentavam sinais de doença mental.
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