O que vem antes: a cultura organizacional ou a estratégia?
São Paulo 22/7/2021 – Fazer o diagnóstico da cultura organizacional é imprescindível para definir estratégias e, principalmente, para atuar de forma que a estratégia seja executada.
A cultura organizacional deve estar relacionada com a estratégia da empresa, em especial com as principais lideranças. A cultura organizacional deve ser capaz de catalisar a estratégia da organização. Quando a empresa tem o diagnóstico da cultura organizacional, ela terá mais habilidade de criar e implementar suas estratégias.
O doutor em psicologia, Edgar Schein, foi o primeiro a comparar a cultura organizacional de uma empresa aos valores de uma pessoa. É possível fazer uma analogia entre pessoas e empresas: perguntas sobre o que é importante para uma pessoa e sobre quais crenças levam alguém a ter determinados valores e comportamentos auxiliam a indicar o caráter de um indivíduo. E questões sobre o que é importante para a uma empresa e sobre quais crenças levam uma organização a ter determinados valores e comportamentos ajudam a indicar a cultura de uma corporação. E, nos dois casos, conhecer a própria identidade contribui para o autodesenvolvimento.
As histórias contadas pelas pessoas que atuam em uma organização; as características das pessoas mais admiradas na empresa; as rotinas corporativas e seu modelo de estrutura. Tudo isso revela muito sobre a cultura organizacional.
É sempre importante considerar que os fundadores e as principais lideranças são os maiores influenciadores da cultura organizacional de uma empresa. A cultura reflete as convicções pessoais e o jeito de ser e de fazer de seus líderes.
Fazer o diagnóstico da cultura organizacional é imprescindível para definir estratégias e, principalmente, para atuar de forma que a estratégia seja executada. Nem sempre, as empresas se reconhecem na avaliação feita.
Assim como acontece com algumas pessoas, quando se olham no espelho, é comum haver o choque entre expectativa e realidade. Quando se observa essas diferenças entre o desejado e o real, entender essas lacunas é essencial para definir as ações para impulsionar em direção à cultura desejada.
É fundamental contar com pessoas que compartilham da mesma cultura da empresa. Isso não significa que as organizações não devam trazer talentos que possam apresentar contrapontos e acrescentar nuances à cultura definida. O que não é recomendado, é contratar muitas pessoas que sejam mais aderentes a aspectos culturais opostos aos da organização.
O desalinhamento entre a cultura da empresa e os valores de algumas pessoas que lá atuam não significa que alguma das partes apresente problemas éticos. Significa apenas que não houve uma afinidade entre determinadas crenças e preferências. Uma pessoa que não se alinhe com a cultura de uma empresa se enquadrará à cultura de outra organização.
Há empresas que se incomodam tanto com o diagnóstico de sua cultura organizacional que pensam em alterar toda sua estrutura, em busca de uma cultura organizacional diferente do que de fato são. Raramente isso dá certo. A cultura de uma empresa é seu DNA. É possível e, às vezes, necessário ajustar e atualizar seus valores, porém, mudanças muito radicais podem ferir a essência de uma corporação.
Definida a cultura desejada, a pergunta que surge é: quanto essa cultura é capaz de catalisar uma estratégia para a organização? A estratégia não deve ser estabelecida antes de ter clara a cultura de uma empresa. Por exemplo, uma empresa que valoriza estabilidade, hierarquia e processos, terá muito mais desafios com estratégias que envolvem inovação, riscos e mudanças mais agressivas. A cultura facilita ou dificulta a definição e execução de uma estratégia. No mundo corporativo, a estratégia deve ser baseada no DNA que a empresa possui.
“Quando se fala em cultura organizacional, um grande diferencial é entender qual modelo de cultura é melhor apoiado pelas características comportamentais e pela visão da liderança da organização. A partir daí, é mais fácil o alinhamento com a cultura pretendida”, diz Thatiane Pierocini, sócia da Arquitetura Humana, empresa especializada em temas ligados a comportamento, engajamento e cultura organizacional. “Um diagnóstico apressado ou superficial com os líderes da organização compromete o entendimento da cultura da empresa. Atuar com os demais colaboradores é importante, mas só vai funcionar se a primeira etapa com os líderes for bem ajustada. Depois disso, a definição da estratégia é feita em bases sólidas e coerentes e com a compreensão de todos os envolvidos”, completa Thatiane.
O filósofo Sócrates jamais poderia imaginar que sua célebre frase ‘Conhece-te a ti mesmo’ também poderia ser útil no mundo corporativo. As empresas que conhecem a si mesmas, isto é, que têm clareza quanto a sua cultura organizacional, possuem mais habilidade de criar e implementar suas estratégias, alcançando melhores resultados.
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