Espaço aéreo ameaçado: técnicos especialistas em RADAR ionosférico são escassos
Rio de Janeiro – RJ 20/12/2021 – A liberdade, prosperidade e soberania de um país está ligada à capacidade em manter seus técnicos experientes frente aos desafios tecnológicos atuais.
A falta de profissionais especialistas em radares ionosféricos expõe a aviação civil e militar às ameaças climáticas espaciais que afetam o setor e áreas afins tais como comunicações e defesa aérea. A capacitação requer tempo e longa experiência multidisciplinar.
Com a reabertura das fronteiras, após o longo período de isolamento da pandemia COVID-19, os aeroportos do Brasil e do mundo voltaram a operar em capacidade máxima. Com a demanda repentina, a força de trabalho do setor foi chamada ao front, e as empresas encontram obstáculos para o preenchimento das vagas devido à falta de pessoal capacitado em diversas áreas. A falta mais crítica está na área de Técnicos Especialistas em radares IONOSFÉRICOS utilizados para a previsão do clima espacial e defesa aérea.
Ninguém quer ser surpreendido ao viajar de avião do Rio de Janeiro para New York e pousar no Alasca porque o GPS recebeu referências erradas e a aeronave não conseguiu se comunicar com a torre de controle ou sofrer com a súbita escassez de produtos agrícolas devido a danos causados pelo sol ou receber alarme de evacuação a poucos minutos de um míssil inimigo atingir o continente porque não foi detectado a tempo.
Estas hipóteses poderão ser tão reais e corriqueiras caso não haja um corpo de técnicos especialistas em radares ionosféricos atuando na operação e manutenção destes equipamentos, possibilitando a previsão do clima espacial e detecção de altíssimo alcance de alvos hostis para defesa aérea. Um exemplo é a pesquisa da Associação Empresarial (ACIJ): muitas vagas de trabalho não são ocupadas por falta de candidatos habilitados. O estudo mostrou que 75% das oportunidades são destinadas a profissionais técnicos ou operacionais. Deste percentual, pouquíssimos técnicos em eletrônica se tornam especialistas e mais: a porcentagem de especialistas em RADAR ionosférico é quase zero no Brasil inteiro, tornando este profissional raro, já que tais equipamentos atualmente estão sendo operados e instalados por profissionais da área de pesquisa aeroespacial, restringindo o acesso ao treinamento e especialização a um público seleto.
Segurança Climática e Defesa Aérea
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE), inexiste um acordo entre os membros das comunidades internacionais sobre a definição de clima espacial, mas pode ser resumida também através da American Meteorological Society (AMS) que diz: “O clima espacial refere-se às condições variáveis no sol e no ambiente espacial que podem influenciar o desempenho e a confiabilidade dos sistemas tecnológicos espaciais e terrestres, bem como podem afetar a vida ou a saúde humana.” Em síntese, as variações e ondas solares afetam telecomunicações, transmissão, posicionamento por satélite, influenciando na confiabilidade e funcionamento dos serviços espaciais e terrestres, bem como diretamente a exposição humana. Tais variações podem ser percebidas primeiro na ionosfera. Assim, o trabalho do técnico em RADAR ionosférico é de impacto e importância não só nacional e sua manutenção ou operação deve ser feita por especialistas em eletrônica com experiência multidisciplinar voltada à proteção ao voo que requer conhecimentos das áreas de telecomunicações, aviação, RADAR, programação e outras correlatas.
Ricardo Santos, CEO e fundador da empresa HANDYX AVIATION, companhia de tecnologias de aviação e proteção aeroespacial, destaca a importância da especialização profissional na área além da busca de conhecimento de ponta sedimentado nos diversos sistemas e equipamentos do ecossistema da aviação civil e militar para um background tecnológico sempre dinâmico. O executivo cita o exemplo da recente pesquisa feita no Peru utilizando radares ionosféricos a fim de investigar perturbações nos sistemas de navegação para apontar os benefícios da tecnologia e necessidade de especialistas. “O impacto atual é de que, se a previsão constante não acontece, os danos são imprevisíveis e daí a necessidade de mais técnicos especialistas”, afirma. Para ele, não se pode mais restringir o acesso a esta tecnologia somente a pesquisadores e cientistas pois serão os técnicos especializados que manterão o sistema funcionando com a urgência necessária, se tornando uma grande oportunidade profissional no mercado de trabalho.
A tecnologia dos radares ionosféricos não se limita à previsão climática espacial, podendo também ser usada para vigiar áreas longínquas. Isso é uma vantagem de defesa aérea para o país.
“O conceito de reflexão de ondas na ionosfera pode ser aplicado para uso militar em um RADAR chamado OTH (em inglês Over The Horizon, Além do Horizonte), com alcance de mais de 620 milhas de distância (1000 quilômetros) se comparado a radares de vigilância militares normais no Brasil de apenas 250 milhas. Se ionossondas são usadas com esta finalidade, as ondas rebatem na ionosfera, atingem o alvo e capta-se dados de direção, altura e distância com precisão fornecidas por processamento no sistema que faz o cálculo volumétrico e variação de frequência causada pela reflexão, bem como elimina o que não é alvo. Por causa da sensibilidade, o ajuste, operação e manutenção exigem responsabilidade técnica para garantir a confiabilidade final exigida. Tal equipamento também pode ser usado em pontos no mar”, explica Santos.
Salários para especialistas triplicarão
É crescente a dependência de tecnologias envolvendo geolocalização, telecomunicação digital e defesa aeroespacial. O país que tiver esta classe de trabalhadores especializados fará de tudo para não perdê-los como parte do corpo estratégico nacional. Não há ainda no Brasil empresa para fornecer o know how necessário à formação de novos especialistas em tempo recorde e de qualidade como a demanda de urgência sugere, gerando assim novos empregos. Pesquisadores do INPE, poucos militares e fabricantes têm acesso ao treinamento e isso pode ser visto no público alvo do curso de novos conceitos em sistema de RADAR, na página do INPE.
Para Ricardo Santos, o país precisa investir logo nesta área para evitar exposição a essas ameaças, ou gastará muitos recursos contratando serviços semelhantes. “A liberdade, prosperidade e soberania de um país está ligada à capacidade em manter seus técnicos experientes frente aos desafios tecnológicos atuais”, sentencia.
Para saber mais sobre a HANDIX AVIATION basta acessar o site da empresa.