Lombalgia atinge 10% da população e é a segunda maior causa de afastamento do trabalho no Brasil

Até 2050, cerca de 843 milhões de pessoas em todo o mundo serão afetadas por dor lombar, conforme dados da Global Burden of Disease (GBD) 2021. Estima-se que 8 a cada 10 pessoas sofrerão pelo menos um episódio de lombalgia ao longo da vida. No Brasil, cerca de 10% da população sofre com dores crônicas na região lombar, sendo uma das queixas mais comuns entre brasileiros de todas as idades que têm a qualidade de vida e produtividade impactadas. 

Segundo o ortopedista Thiago Brustolini, é mais comum que as primeiras queixas surjam a partir dos 35 anos, mas se intensificam em faixas etárias mais avançadas, com destaque para aqueles com mais de 50 anos. As causas da lombalgia variam de acordo com a faixa etária. Entre os jovens, por exemplo, os principais fatores incluem o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, o peso das mochilas e a falta de atividade física. 

Já nos jovens adultos, o estilo de vida sedentário e os longos períodos sentados se destacam como principais contribuintes para o problema. Na meia-idade, o excesso de peso e atividades profissionais que envolvem movimentos repetitivos ou levantamento de peso aumentam o risco de dores nas costas. Condições como osteoporose, artrite e a perda de massa muscular tornam a lombalgia mais frequente nos idosos. 

O grande número de casos de lombalgia também gera impacto econômico, sendo uma das principais causas de afastamento do trabalho no Brasil, conforme dados do Ministério da Previdência Social. Só em 2023, quase 50 mil trabalhadores foram afastados de suas atividades por lombalgia, sendo a segunda maior causa de licenças médicas do país. 

Com o aumento do trabalho remoto, a pandemia de Covid-19 agravou ainda mais o cenário. A falta de estrutura ergonômica nas residências contribuiu para o aumento de queixas de dores lombares, especialmente entre aqueles que passam horas sentados em cadeiras e mesas inadequadas. Novas preocupações surgiram para profissionais de saúde e para empresas, que precisam investir em orientações para o cuidado postural e a prevenção de dores nas costas.

O ortopedista da Hapvida NotreDame Intermédica recomenda uma série de medidas para evitar a lombalgia no dia a dia. “Manter uma postura correta e fortalecer o core (região do abdômen e das costas) são hábitos de prevenção eficazes para minimizar o risco de dores lombares”, explica o especialista. Ele sugere práticas como ioga e pilates para melhorar a flexibilidade e a força muscular, além de evitar longos períodos sentado, fazer pausas para se alongar e caminhar, e priorizar calçados que ofereçam bom suporte.

Em alguns casos, a dor na lombar pode indicar condições mais graves e exigir avaliação de um ortopedista. De acordo com ele, é importante procurar ajuda médica se a dor for persistente e durar mais de algumas semanas, especialmente se vier acompanhada de sintomas como irradiação para as pernas, formigamento ou perda de controle da bexiga. “Esses sinais podem indicar uma condição mais séria, como compressão de nervos ou inflamações que requerem tratamento especializado”, alerta.

O fortalecimento muscular é uma das chaves para prevenir lombalgias. Exercícios de baixo impacto, como natação e caminhadas, são recomendados, enquanto atividades de alto impacto, como corrida intensa e levantamento de peso elevado, devem ser evitadas ou feitas com orientação. O ortopedista explica que o acompanhamento de um fisioterapeuta ou educador físico ajuda a adaptar as atividades para garantir que sejam realizadas de forma segura e reduzir o risco de lesões.

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